Após cinco anos desde o 2º EP, Soturno continuou sua jornada em meio à melancolia, dor, angústia e vazio existencial, no entanto, o projeto Nostalgia Infantil não tinha objetivo de prosseguir, afinal, foi criado de modo simples e com intuito único de dar vazão aos seus sentimentos e emoções, de forma genuína, naquele momento e sem vir a somar lançamentos. Agora, estas três canções chegam para encerrar, de fato, o projeto. Elas foram compostas mantendo a carga emocional similar às anteriores, dando abertura para que as emoções mais sombrias e dolorosas ecoassem em forma sonora. Soturno, mais uma vez, através de acordes que se repetem em uma melodia minimalista no piano, tenta dar vazão as suas angústias, dores, agonias, mágoas e tudo o mais que o afogou durante os anos, sem pausa.
A Dor que nos é encravada logo ao nascer, visto que já nascemos através da dor de outrem, permanece ano após ano como uma cruel guia. Para acrescentar mais sofrimento, a Solidão arrebenta as barreiras que tentávamos manter, a todo custo, ainda na infância e, sem qualquer vestígio de sensibilidade, nos congela até a carne. Em buscas ilusórias de fugas, caímos mais e mais dentro do imensurável vazio que nos dilacera internamente, não deixando outra ânsia senão a de pôr um Fim a tudo.
Soturno se despede deixando as ondas do mar apagarem, definitivamente, suas memórias mais nefastas, suas dores mais lancinantes e, sobretudo, uma vida soterrada na mais crua solidão. E, fazendo jus ao nome do EP, ele encerra, assim, não apenas este projeto, mas, também, sua própria existência.
Canções minimalistas ecoando uma voz inexpressiva que reflete dor, melancolia, angústia, exaustão, mas, às vezes, também, os parcos e fugazes instantes de contentamento na existência.