Dimittas by LUI

A melancolia do período de quarentena possibilitou o retorno do movimento, que tem a tristeza como marca. No trabalho de estreia da LUI não é diferente; o sentimentalismo agressivo, porém, ganha uma ressignificação. “Dimittas”, aliás, é um termo oriundo do latim, a chamada “língua morta”, e significa “soltar” ou “deixar ir”. “Trazemos um álbum com letras existenciais, sobre errar e entender que isso não te faz a pior pessoa do mundo. É sobre ressignificar sentimentos ruins, tal como a ‘língua morta’ pode virar poesia”, diz Letícia Portela, vocalista e baixista da banda.
Apesar da forte influência do emocore, a LUI se inspira em outras construções de gêneros musicais, que partem da junção dos gostos de Letícia com os do produtor e guitarrista Raikage, que é como Mario Serrano assina seu trabalho solo. O disco ainda carrega elementos do pós-punk, trap e R&B com grande protagonismo de sintetizadores. Mas os timbres da voz e os versos remetem a composições de Fresno, Supercombo e de bandas internacionais, como a estadunidense Paramore. “Tentamos não seguir uma sonoridade linear nas músicas, para criar algumas camadas da nossa identidade dentro desse projeto maior”, conta Mario.
Através do primeiro álbum, o duo quer mostrar que é possível que projetos musicais produzidos no interior do estado do Pará sejam reconhecidos como expoentes da música paraense em Belém. “A dificuldade é fazer com que a galera da capital entenda que a música paraense não se restringe a Belém. Um exemplo disso são as playlists com temáticas regionais, que só têm bandas da Região Metropolitana. Marabá fica a mais de 500 quilômetros de Belém e daqui, já saíram bandas incríveis, mas ainda assim é difícil que oportunidades e convites cheguem até nós para nos inserir em festivais com eixo na metrópole”, pontua Letícia.
“Dimittas” é também o nome da primeira música de trabalho do disco, que já chega com videoclipe. “O clipe foi gravado em Marabá mesmo, na zona mais afastada da cidade. Buscamos retratar, nele, as ideias de desapego de sentimentos ruins que são abordadas na letra da música, através de elementos como a água para falar dessa leveza. Além disso, tem uma jogada de cores, que é ressaltada nas roupas que eu e Raikage vestimos, que são, na maioria das imagens, complementares, como se fossemos metades nos encontrando”, explica a vocalista.
O álbum conta com incentivo do Governo do Pará, por meio da Lei Aldir Blanc de Emergência Cultural da Secretaria de Estado de Cultura (Secult). O trabalho tem, ainda, a produção executiva da Psica Produções. “A Psica está abrindo caminhos para que a cena cultural ramifique essa música paraense nas multiculturas que nosso Estado oferece, nos muitos sons que temos. O emo está de volta e é preciso dizer que o Pará não tem vergonha de estar triste”, finaliza Raikage.

Sobre a banda:
Fundada em 2017 como um projeto musical da designer e musicista Letícia Portela, ao longo dos anos a LUI passou por outras formações, mas foi com a entrada do produtor Mario Serrano e a química da dupla, que a sonoridade se estabeleceu. Em 2020 lançaram quatro singles: “Linear”, “Nó”, “Sina” e “Duas Cidades”. “Nó”, inclusive, tem um videoclipe que ultrapassa as mil visualizações no Youtube. Em 2021 lançaram seu primeiro álbum, ''Dimittas'', álbum visual que conta com 8 faixas e sete videoclipes, previstos para serem lançados ao decorrer do ano.

Fundada em 2017 como um projeto da musicista Letícia Portela e do produtor Mario Serrano, em 2020 LUI lançou quatro singles: “Linear”, “Nó”, “Sina” e “Duas Cidades”. “Nó” conta com um videoclipe no Youtube. Em 2021 lançaram seu primeiro álbum, ''Dimittas'', álbum visual que conta com 8 faixas e sete videoclipes, previstos para serem lançados ao decorrer do ano.