Sem Fim from Macaxeira Fields by Alexandre Andrés

Sem fim

Alexandre Andrés – Bernardo Maranhão

E assim se fez no fim um novo som
E aquele som fez no vazio a fina trama de uma canção
Aliviando o peso das palavras nesse mundo que nascia assim
E outras canções surgiram sobre as ondas desse mesmo som
E um girassol foi refazendo o dia desde a escuridão
E aquilo deu em mim, em ti, em nós
Pobres mortais, ou muito mais, ou muito menos
Nada, talvez
E assim se fez e se desfez de novo e logo se refez
E toda vez é sempre a derradeira e a primeira vez
Se numa noite eu venho te encontrar
Pra me entregar à tua dança enluarada junto do mar
É pra entender que a maravilha tua, lua nua, sabe se guardar
Na escuridão, em plena lua nova, numa noite azul
No extremo sul, na solidão que assombra as noites do sertão
E se amanhã eu vir nascer o sol
E te envolver quando você abrir as asas entre os lençóis
Vou com você quase infinitamente nesse amanhecer
Pois toda vez é sempre a derradeira e a primeira vez

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