Esse é o terceiro EP, também com três musicas, e lançado em janeiro de 2007. Depois de ter abandonado as baterias no 2:42, a impaciência das criações e gravações solitárias foi tomando conta cada vez mais, a ponto de grande parte do álbum dispor apenas de violões, vozes, palmas e uma flauta de plástico.
Ainda, provavelmente sejam as ultimas composições com longas partes instrumentais, o que, aliado à escassez de instrumentos, deve conferir uma percepção de maior monotonia nas composições, desde o início em 2006, até 2017. Ao contrário de Quadrada e Ezra, Bloco de Notas parece pertencer muito mais ao EP precedente, 2:42, do que a este e também ao posterior, As Ultimas Nuvens.
Naquele ano eu escrevi:
"O trio chama-se 'extra-forte' e conta com 'bloco de notas', 'quadrada' e 'ezra'. O tempo passa, muita coisa é absorvida, muita coisa reciclada e isso tudo vai modificando a chuva, porém a essência é a mesma e em cada musica há um pouco de tudo aquilo que sempre foi, algum dia eu descubro o que seria isso que eu disse."
Olhando pra trás, dez anos depois, realmente talvez a essência se manteve a mesma. Mas o que é a essência perto de um todo que se torna muitas vezes enorme?
Acho que este EP já começava a traçar o caminho natural do fim do projeto Chuva e início de algo que concretizasse, coletivamente, e não mais de forma solitária, a materialização de ideias expressadas como em 2:42, Bloco de Notas e mesmo em Dezoito, do EP posterior: umnavio.
Afinal de contas, o que é a vontade de criar perto da necessidade de se distanciar da solidão?